segunda-feira, 29 de setembro de 2008

2017. Baixas de Quarteira e Albufeira foram as mais afectadas no terceiro dia de inundações

Ao terceiro dia chuvadas no Algarve, as inundações repetem-se, com as maiores cheias a registaram-se nas baixas de Quarteira e Albufeira, onde baldes, bombas de água e vassouras eram os objectos mais requisitados.
"Hoje às 05:30 da manhã andava descalça com água pelo joelho na baixa de Quarteira. Isto parecia o mar, eu e os peixinhos", recordou Josélia Paixão, 73 anos, envolta num roupão, cansada da noitada a retirar água de casa. Na baixa de Quarteira, várias lojas, caves e algumas casas registaram uma subida de água entre os 10 e os 20 centímetros de altura, inundações que os comerciantes dizem que se poderiam ter prevenido se as valetas e fossas tivessem limpas.
“Ainda o Inverno não começou e já há estes estragos todo. Este prejuízo quem é que paga? O Estado é que devia pagar”, sugere uma comerciante que preferiu manter o anonimato, acusando a Câmara de não limpar as fossas. Na loja de chineses "Armazém Ocidental", os produtos expostos nas prateleiras de uma cave estão destruídos, nomeadamente electrodomésticos, extensões eléctricas e livros. “Todo o material novo que chegou e ainda estava empacotado em caixotes de cartão está destruído”, disse à Lusa Diana Banza, 25 anos, empregada da loja dos chineses da baixa de Quarteira, enquanto tentava retirar água com baldes e uma esfregona.
Na Mercearia “António”, a água infiltrou-se pela porta antiga e a marca da água estava a uma altura de cerca de 10 centímetros, provocando alguns danos materiais nos produtos. Segundo o proprietário, António Nunes, 62 anos, além da forte precipitação, a maré-cheia quase à mesma hora pode ter sido uma das causas para as inundações.
Na loja de roupas "Rita", as empregadas de calças arregaçadas e descalças retiravam, incansáveis, água às baldadas desde o início da manhã da cave, onde toda a nova colecção ainda estava encaixotada. "Já no ano passado as inundações aconteceram” e a cave é a primeira zona “a ser afectada", explicou à Lusa Fátima Pardal. "Só não quero passar por isto outra vez… Já tenho pesadelos com inundações", lamentou-se, por seu turno, a colega sua Idália Pacheco, enquanto retirava acocorada baldes repletos de água suja da cave da loja "Rita", na baixa de Quarteira.
A intempérie também assolou a baixa de Albufeira onde se registaram cerca de 20 ocorrências durante esta noite, adiantou fonte dos Bombeiros Voluntários de Albufeira, referindo que as bombas continuavam ao final desta manhã a retirar água das lojas. Na semana transacta, os comerciantes de Albufeira já haviam sofrido avultados danos materiais com as inundações e a autarquia está a realizar um inquérito para levantamento dos estragos, estando prevista uma feira de salvados para que os comerciantes consigam recuperar algum dinheiro com a venda dos produtos menos danificados.
Segundo o Comando Distrital de Operação Socorros (CDOS) a situação tende a melhorar durante a tarde, mas o alerta amarelo mantém-se até às 24:00 de hoje. Desde que a chuva forte abateu o Algarve e até esta manhã, o CDOS já registou "257 ocorrências", nomeadamente 231 inundações em perímetro urbano e via pública, 14 acidentes rodoviários, oito quedas de árvores, duas quedas de estruturas e dois deslizamentos de terra. No terreno estiveram 14 corporações de bombeiros, GNR, PSP, INEM, Serviços Municipais de Protecção Civil, envolvendo 1144 elementos e 402 veículos.
De acordo com as autoridades, 14 dos 16 concelhos algarvios foram atingidos pelo mau tempo.
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