segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

3375. O que provoca cheias, tornados e ondas de calor no verão?

Temporais da Madeira, tornado na região centro, inverno mais chuvoso em Lisboa desde o séc. XIX, ou o verão mais quente desde 1931, assim como o mau tempo na Europa, têm um ‘culpado’: a Oscilação do Atlântico Norte (North Atlantic Oscillation-NAO). O ano de 2010 foi o ano mais chuvoso da última década em Portugal Continental, enquanto o verão, quente e seco, foi o segundo com as temperaturas mais elevadas desde 1931.
De acordo com o Instituto de Meteorologia o valor total anual da precipitação, em Portugal Continental superou em quase20% o valor referência de 1971-2000, atingindo 1063 mm de precipitação. Destaque para o valor anual em Lisboa, 1598mm, o mais elevado desde o início das observações na Estação Meteorológica do Instituto Geofísico (1870).
No entanto, entre Abril e Setembro os valores de precipitação foram inferiores ao valor médio, em especial nos meses de Julho, Agosto e Setembro. Julho foi o ano mais seco dos últimos 24 anos e Agosto só ficou atrás um ano. Temperatura também subiu.
No âmbito dos fenómenos extremos, a temperatura também registou valores médios máximos e mínimos superiores aos valores médios (1971-2000). O Verão, foi o segundo com as temperaturas, máxima e média, mais elevadas desde 1931. Acompanhando a seca, Julho teve o valor mais alto e Agosto ficou em segundo lugar, quanto a temperaturas, desde 1931. Muito calor e menos chuva criaram condições favoráveis para a ocorrência de fogos florestais ao longo do Verão. Funchal (Madeira) e Santa Maria (Açores) com valores pluviais mais altos: no Funchal, houve mais 872,6 mm de precipitação, relativamente aos valores de referência enquanto em Santa Maria choveu 630,8 mm acima dos valores normais de 1971-2000, sendo estes os locais que nas regiões autónomas registaram as maiores anomalias.
Tanto as cheias na Madeira que provocaram uma tragédia com mais de quatro dezenas de mortos e os tornados no centro do país, com forte impacto económico, assim como as quatro ondas de calor no verão, têm uma explicação. De acordo com o IM, pode explicar-se esta situação de episódios meteorológicos adversos com o comportamento da Oscilação do Atlântico Norte (North Atlantic Oscillation - NAO), que é um dos principais modos de variabilidade lenta da atmosfera que afecta a região Euro-Atlântica, e Portugal Continental em particular.
O índice NAO está relacionado com a intensidade dos ventos de Oeste e influencia o fluxo de ar atlântico para o continente europeu, bem como a trajectória dominante de sistemas depressionários, ou seja a chuva e as temperaturas que se fazem sentir. As observações indicam que, a valores baixos da Oscilação do Atlântico Norte estão associadas quantidades de precipitação acima da média em Portugal, enquanto valores elevados deste fenómeno correspondem a quantidades de precipitação abaixo da média. Daí que, no inverno de 2009/2010 onde se registaram valores recordes negativos da Oscilação do Atlântico Norte à escala mensal e sazonal, estes ventos tiveram implicações directas no clima particularmente frio, na Europa Central e Setentrional.
O mesmo fenómeno justifica também as grandes quantidades de precipitação a oeste e sul da Península Ibérica, incluindo novos recordes absolutos de inverno em Gibraltar e Lisboa, desde o início das medições regulares a segunda metade do século XIX.
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